sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre a nossa música.

MC Roger, um dos principais impulsionadores da nova geração de músicos.
No tema Moçambique marrabenta, apresenta-nos a fusão da marrabenta e o HipHop. Veja aqui.

Sempre existiu música digna de ser gravada.
Sempre houve bandas que tocavam tão bem como todas as outras que vem de fora.
No entanto, existiu em tempos um certo preconceito em relação a música moçambicana.
Nós moçambicanos fomos os primeiros a preferir a música que vinha de fora em deterimento da nossa. Mas isso explica-se.

No período pré-independência politica, existiam varias frentes musicais, a musica da elíte orquestrada e consumida pelos portugueses e assimilados.


Existia a musica de bairro tocada e consumida pelo povo dos arredores e alguns assimilados (embora as escondidas) e a musica tradicional que era marginalizada pelas duas classes, mas amplamente ramificadas na cultura dos povos campezinos.

É claro que para os estudios de gravaço somente entravam os conjuntos da elite (brancos e alguns assimilados), relegando a musica de bairro, aquilo que hoje chamamos de música popular para se desenrrascar, enquanto que os campezinos? Nem pensar!

Em 1975 veio a independência, a elite desapareceu deixando ficar para trás um vacuum cultural que foi (tentaram) preencher pelos artistas populares que pereciam de todas e mais alguma efermidade de logística. A politica do novo governo incentivou o fluxo migratório do campo para a cidade de pedra para se usufruir dos “direitos conquistados da revolução”…

Neste processo, a música popular que tinha toda a fragilidade da época, fundiu-se com os ritmos tradicionais trazidos pelos campezinos, sem que houvesse uma padronização ou sistematização. Foi um fenómeno típico do ambiente politico-social que se vivia na época. A música sofreu uma revolução negativa, perdendo parte da sua identidade e com ela também alguma qualidade.

Muitos músicos fizeram-se ao palco e aos estúdios da RM radio moçambique (estatal) que apesar da qualidade não dignificar, sempre houve plateia. O povo não estava musicalmente educado (já se chamava de música ligeira).

Dos músicos que já andavam a fazer música dos bairros (de onde originou a marrabenta) alguns conseguiram se destacar e vendiam shows com maior frequência como o caso do Wazimbo, João Wate, Fany Mfumo, Ghorowane e outros.

Ao mesmo tempo que se desenrrolava esta revolução, o mercado se abastava de hits importados das editoras como a Motown (Michael Jackson, Lionel Richie, Donna Summer…) da europa vinha os ABBA, do Brasil chovia Roberto e Erasmo Carlos, Arginaldo Silva, Trio Esperanca, etc, enquanto que da vizinha Àfrica do Sul chegavam Miriam Makeba, Black Mambazo, Steve Kekana, etc.

Escute aqui mais alguns temas originarios dos bairros.
Conjunto Joao Domingos – Mawaku
Conjunto Joao Domingos – Elisa Gomara Saia (Medley)” Este tema é um dos clássicos da marrabenta.
Fany Mfumo – Gorogina wa ka Mamba
Fany Mfumo – Famba na Hombe
Orquetra Djambo – Elisa Gomara Saia
Orquetra Djambo – Laurinda
Grupo Bayette – Georgina (Remix)

Neste desenrolar de eventos, o tempo passou e a nossa geração de moçambicanos consciencializou-se do património que herdou, aliado a anos de edução musical absorvida dos quadrantes deste globo; hoje produzimos músicos que exportam mensagens de paz e amor pelo mundo todo, orquestrando as mais belas melodías, como o caso de Stewart Sukuma, Neyma, Wazimbo, Eyuphuro, Jimmy Dludlu, Gito Baloi, André Cabaço, MC Roger, Moreira Chonguiça (SAMA AWARDS), Lizha James (duas vezes vencedora do Prémio Melhor Vídeo 2007/8 do Channel O) e Dama do Bling (Prémio Melhor Revelação 2007 do Channel O), Kapa Dech (Prémio Crossroads 2006), Timbila Muzimba (Prémio Crossroads), Roberto Isaías (Prémio Ngoma) de entre outros.

Hoje o ambiente cultural que vivemos, foi propício a embrionamento de mais um ritmo nacional. Da fusão marrabenta que representa a nosso identidade musical ao HipHop Americano, mexemos o corpo dancando ao ritmo do Pandza. É um ritmo dançante que contagia a qualquer um.

Neste video do Dj Ardiles ft 3H, confira o Pandza. Calibre 39.

Informacao sobre marrabenta.
Informacao sobre a musica de mocambique.
Hugh Tracey, Pesquisador de musica africana.

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