terça-feira, 11 de novembro de 2008

O mercado do peixe.


Falar do Mercado do peixe do Maputo, é tanto quanto melandrámatico. Tem muito que se diga em relação... O mercado do peixe é um sitio como o nome diz, mercado de peixe, onde se vende peixe e outros tantos frutos do mar. Poderia até ser um local como qualquer um onde transanta a peixe, e cheio de mamanas peixeiras, mas não o é.

Na marginal, junto ao Clube Marítimo, existe um sítio sem finesse nem requinte algum, onde o chão é chão de areia, coberto de muitas pequenas bancas cheias de Camarões enormes que se confundem com as lagostas ao lado, mexilhões, lulas, ameijoas, peixe de todo tipo e tamanho, carangueijos monstruosos... tudo fresquinho, outros ainda vivos.
Para além das muitas bancas feitas de pau, existe outro elemento que transforma no mercado em um lugar de mensão.
A volta do mercado, existem em igual quantidades as bancas, barracas-restaurantes onde se confecciona os mariscos adequiridos na hora.

As barracas devido ao espaço exímio, são todas pequenas cada uma colorida retratando belas imagens dignas de pertencer a uma “oleo sobre tela” penduranda numa exposição qualquer. O cliente escolhe o producto de sua cobiça nas bancas, e escolhe a barraca que melhor que aprevier, aqueles que são assíduos já sabem para onde se dirigirem, na “tia Alice ou tia Maria” Tanto faz, o serviço e sempre de primeira.. A titia confecciona o seu produto do geito que lhe for recomendado, enquanto isso o cliente senta-se refastelado à sombra de um enorme “canhueiro” existente no centro do mercado jorrando goela abaixo cervejas “2m” ou “Laurentinas” geladinhas.

As titias do mercado do peixe são rapidas a grelhar, pois o carvão está sempre acesso. Neste compasso de espera que não é muito, o tempo parece não passar, o ar encontra-se impregnado do aroma do peixe, camarão, etc... impossível resistir...
Quando as travesas cheirosas e fumegantes finalmente chegam a mesa, pode ter a certeza que já estará gente a babar-se de apetite. Ali, ninguém quer saber de mais nada nem ninguém, fica-se mesmo à vontade para comer como lhe ditar o apetite, a talher, com as mãos e até lamber os dedos se assim o preferir. As refeições são servidas com saladas, pão fresco, e tudo o mais que pode encontrar num restaurante convencional.
Devido ao calor tropical, ali naquele mar de mesas e cadeiras plásticas a sombra do “canhueiro”, é permitido tirar a camisa e enterrar os pes descalços na areia da praia.

No mercado do peixe, tem sempre movimento, mas é aos fins de semana que todo o mundo acaba lá; que apesar da não existência de luxo algum, estão lá com mesa marcada e tudo o que os assíduos tem direiro, directores de grandes empresas, alguns ministros, muito turista, e o zé povo que também tem barriga.

Apos encher o pandulho, entulhado de coisas que só no mercado do peixe se comem, muitos já não se enteressam pela pança gordurenta que teima em espreitar entre as casas dos botões da camisa, outros ainda param nas imediações do mercado para comprar cd’s piratas de música local, filmes “blockbusts” de Hollywood também piratas, peças de batik, escultura de madeira ou mesmo para comprar castanha de cajú...
Mas não se vá embora sem presentear ao mirone que esteve a velar pelo seu carro com uma moedinha, e se não for abusar demais, até pode dizer “kha-ni-man-bo” (obrigado)

Acredite, manjar em restaurantes todos nós já o fizemos, mas no mercado do peixe? É uma experiência ímpar.

Imagens de Mocambique.

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