terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Na esquina de Maputo


Tem quem se lembra de Lourenco Marques.
Tem tambem quem se lembra de Maputo.
Eu nao consigo deixar de lembra-la como A Cidade das Acacias... Com seu perfume caracteristico, o ar quente batendo no meu rosto suado, as arvores verdes cheias de flores coloridissimas...

Desco a avenida assobiando "Jorogina" do Fany Mfumo, maos nos bolcos como quem nao quer nada, a minha mente vagueia mais rapida que os meus pes pelas ruas da baixa.
Sento-me no cafe Scala para tomar ar, escolho uma mesa na esplanada, ja que nao sei assobiar embora inveije os meus amigos que com toda a pericia de pastor assobiam com pulmao e meio todos aqueles toques de chamada... levanto a mao meio tidamente para chamar o mocinho, e peco uma Rainha.

De pernas cruzadas voltado para a estrada aprecio o movimento de meninos que pedem quinheta, dos mocos que vendem pecas de artesanato, do velho engraxador de sapatos sentado na sua caixa-oficina, do ardina que grita os titulos do jornal Noticias, das mamanas vestidas de capulanas de cores coloridas que vem do Mercado Municipal com cestos de palha na cabeca.

Perco-me nesta visao da minha terra, o despontar da minha mocidade neste espaco, onde me sinto parte integrante daqueles que jazem personagens da minha estoria do outro lado da mesa... senhor! senhor! ... O cha ja esta! - Acho que me assustei com a minha ausencia! O servente pos o cha na mesa, sorriu e perguntou se desejava mais alguma coisa... Ainda meio ausente, tentei retribui-lo esbocando um sorriso tambem, mas acho que nao me sucedi como devia ser, senti que o meu sorriso tinha mais a ver com uma expressao de "porra meu, assustaste-me!"

Ainda contemplando as acacias da minha terra, de dois tragos desmaterializei a Rainha goela abaixo, ficando depois com um sentimento de culpa. nao era suposto ser assim, deveria ter tomado este cha com mais calma...

O fim do cha tirou-me a vontade de continuar sentado, afinal era o pretesto para li estar naquela esquina sem fazer nada, so que deste lado da mesa.
Vou-me conteplando as acacias da minha terra...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Meu Harem


Mil mulheres nao fazem meu harem!

Brotado nas margens do Indico, neste calor torrido tropical temperado de chuva miuda das moncoes, naquela que e a mais linda cidade, deambulo pelas estreitas ruas impregnadas de belas mulheres de todas as racas e feitios, situo-me.

Olho em redor como que a procura de um refugio, atraido pela complexidade das formosuras destas belas mulheres do meu pais, nao sei se vou ou venho.

Transpiro pelos milhoes de poros do meu ser, estou amando isto, acho que amo a moca de saia rodada, tambem aquela de plinsado, aquela tambem, e esta de capulana nao deixo para tras...

Esta cidade esta lotada das mais belas mulheres do planeta. Sinto-me Sultao do meu harem.

Mulato




O que e ser-se mulato?

A fusao de culturas, o atrevimento de atravessar barreiras raciais, a recompensa de uma aventura, o preto-quese-branco, o branco-quase-preto, o filho Maria com o sr Lopes, o filho bastardo da vizinha, o moco-de-lado-que-e-advogado-na-tuga...

Raios que os parta, e so um gajo qualquer como tu pa!

O Tempo e a Memoria

Sinto-me traido pelo tempo. Ela caminha a passos gigantescos como quem tem o horizonte a alcancar antes da alvorada... Hoje estou sentado na sombra desta mafurreira onde bate uma brisa deliciosa, daquelas que me convidam a estender-me por aqui mesmo e roncar de boca aberta porque sabe bem, e de repente quando vonto a mim, ja e memoria de ontem. O tempo me traiu de tal maneira que a minha vida e tudo em redor e memoria de um dia.

Os miudos estao tao crescidos que ate parece que se alimentam de soda.
A minha tia ja esta tao ruguenta que parece a vovo... Olho-me ao espelho todas as manhas e nem noto que tambem ja tenho rugas e os cabelos ja nao sao os mesmos de ontem, ate pareco o meu tio...

O tempo me trai e passa a correr sem me deixar viver o hoje...
Agarro-me as memorias que teimam em desfilar aos meus olhos de um tempo que ate bem pouco tempo eram de hoje...

Companheiro; deixa de bobagem, tira esse bundao dessa cadeira e vai viver o agora emquanto e tempo...