sábado, 25 de abril de 2009

Narcofashion do Brasil




Narcofashion é uma palavra que me ocorreu enquanto me lembrava de varios episódios de conterraneos meus que foram ilubriados pela maravilha que o Brasil tem para oferecer, cortesia da Rede Record e Globo. A realidade do lobo coberto com a pele do cordeiro… Já ouviu falar?

Já maningue tempo atrás, o povo recebe o Brasil em seus lares através das maravilhosas telenovelas. Assistimos aos episódios com atenção de quem gostaria de lá estar… Pessoalmente, eu prefiro o Carnaval.

As garotas vasculham as botiques (a oferta é enorme) em busca de modelitos semelhantes aos das atrizes, invadem os salões de cabeleireiro cozendo e colando (já ninguém quer só pentear) as extensões capilares… O Brasil virou moda.

De entre as mocinhas, que pode e até quem não pode, vão ao Brasil comprar roupa para revenda. Muitas embarcam já com encomenda e compra garantida. Como funciona a coisa por lá não sei dizer, mas que regressam com malas do tamanho do boing isso é quase real.

Com este andar ou voar, vao fornecendo as muitas botiques de grife brasileira, e ate as lojas ganham nomes de novelas.

O outro lado da moeda
É sabido que como muitos outros países, o Brasil trava uma luta desenfreada como o tráfico de droga.É sabido que Moçambique tem sido usado como corredor para o haxixe do Paquistão, Afeganistão e outros stãos…

É sabido que Moçambique virou um El Dourado para “refugiados” africanos e até europeus.Principalmente no Centro e Norte do país, há muita mocinha é-lhes oferecido o sonho de uma viagem a terra do Roberto Carlos para um semanita de shopping desenfreado com tudo pago. Até parece a lotaria.

Pobres coitadas, na maior inocência da oferta feita pelo “namorado”, “patrão” ou sei lá quem que-o-diabo-o-carregue-o-mais-rápido-possível, armadas de sorriso de orelha a orelha, finalmente voam para o grande Brasil.

Alguns dos esquemas das “mulas” já são conhecidos pelas autoridades, sendo que sempre que vem um voo proveniente de Brasil ou Portugal, são accionados os mecanismos para a prienção de possiveis transportadores.

São muitas as artimanhas usadas pelos mandantes que muitas das vezes são emigrantes Nigerianos, Marroquinos, Quenianos, Zimbabweanos e até os locais… Existem casos documentados de indivíduos que expeditaram suas “namoradas” deste modo para alimentar sua ambição desmedida em troca da liberdade alheia.

Mas nem todos os casos de jovens que viajam ao Brasil terminam em xadrez, muita moça alimenta um negócio lícito de venda de roupa sem incrementar a renda com estupefeciantes. Vão levando a vida no vai-vem, ao regresso, contando as muitas aventuras, alimentando sonhos de quem ainda não lá foi.

Do Brasil já não só herdamos a capoeira, a moda e a alegria, hoje já não è estranho ouvir-se dizer que fulana e ciclano deram dentro… Escuso-me a perguntar os porquês, cada vez que se me atiram com essa porcaria para dentro dos meus ouvidos. Só pode ser o efeito do narcofashion made-in-brasil.

VOCABULÁRIO
Narcofashion – palavra não “dicionarizada”, que provém da junção do narcótico e fashion, que são os maiores atraentes de jovens Moçambicanos ao Brasil.

Deram Dentro – Terminologia popular para dizer que tá lixado… Opps! Está preso.Mula – Pessoa que transporta a droga ingerindo pequenas bolas de camisinha contendo droga, ou escondida na bagagem.

terça-feira, 21 de abril de 2009

BP embaixo, Mabor em cima, você sabe o que é?


Quando o trabalho da policia não se faz sentir o suficiente nas periferias da cidade, o povo chama a si a responsabilidade de fazer “justice” pelas próprias mãos

Justiça alheia ao Estado termina com a dor quente da borracha em chamas
Todos os dias são reportados casos de crimes de furto a agressões e a policia com todo o despreparo e carência logística não consegue fazer face à epidemia. Chega uma altura em que o povo satura e rebenta…

Ladrão. Ladrão! – Alguém gritou. - Pega o gajo, vai a correr! Na calada da noite ou no auge do sol , era usual ouvir-se estes gritos que muitas das vezes vinha acompanhado de um outro chamado… Já tenho o pneu alguém traga a gasolina!

É o fenômeno do “BP em cima e Mabor em baixo”.

Cinlindra-se o individuo no meio do pneu e joga-se a gasolina por cima e ateia-se fogo. O sacrificado berra, esperneia e morre torrado no meio das labaredas do pneu, que se recusa a terminar de arder.

Na mente popular, a “justice” foi feita.
A policia chega quase sempre depois do consumado, sem chances nem condições de socorrer o tostado. Às vezes faz-se algumas prisões, mas muitas das vezes ninguém reivindica nem aponta autoria.

A igreja chora por clemência, parte do povo faz coro, os políticos fazem silêncio, não sabendo se usam o malfadado acontecimento para fazer campanha ou não, os intelectuais debatem o fenômeno, tentam chegar à raiz da equação… São inúmeros os resultados. Continuamos a debater, aguardar e tostando.

Às vezes o nível da malandragem baixa e o povo credencia ao sistema do “BP em Cima e Mabor em Baixo”. Embora a fórmula não tenha nenhuma autenticidade, parece intimidar uns e emprestar valentia a outros.

Quem pode reza pelas almas daqueles que não puderam escapar a fúria popular, que com certeza foram-se alguns inocentes também, e enquanto estiver com o espírito embrenhado de santidade, sem querer abusar dos santos, reza também para que a policia ganhe reforço logístico.

Glossário
BP – British Petroleum
Mabor – Marca de pneu made-in-moçambique
Cinlindra-se – o sujeito “cinlindra-se”, ou ganha forma cilíndrica, quando é colocado no meio do pneu.