segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Moçambique fashion mania


Tradicionalmente usamos muito pano para nos vestirmos. É a nossa tradição. As mamanas cobrem-se com belas capulanas, generosamente coloridas com flores de nome que só se conhece no dialeto nativo. Já que moda é moda, quando chegam as eleições, cobrem-se de capulanas com a fucinheira de um dirigente qualquer à caça do voto.

Vem a televisão e as revistas. As modas são importadas, não importa como.

De entre vários modelitos de “boutique” salientaram-se alguns dignos de referência. As saias “matarlatanta.” é um deles. Não conheço a proveniência do nome, não ficou-me na memória. Para quem não consegue pronunciar o nome ou acha ele menos elegante, pode-se dizer “mil-saias”, porque usa-se maningue pano pra caramba. Tinham uma infinidade de folhos como se tivesse vestido as tais “mil-saias”.

Eram bem decentes, a minha avó gostava de ver as meninas de matarlatanta.
Como tudo que é bom acaba cedo, as saias passaram a ser saiotas. Continuavam com a infinidade de folhos mas ficaram mais arejáveis, bem curtas.

Não me perguntem sobre a sua origem, verdade é que as mocinhas começaram a andar de colants ou colantes (a terminologia hoje não vem ao acaso). De todas as cores e rendadas, usavam aquilo bem justo como se de luvas para pernas se travasse com uma camisete por cima. Tavam no pico da moda prontas para o baile. Os rapagões adoravam, ficava tudo mais bem distinguido. Mas não durou muito não, havia muito homem bem sensível nas ruas para permitir tamanha “imoralidade”.

Não muito tempo atrás, as novelas brasileiras trouxeram-nos as “txuna-babys”. Lindas peças de pano. São calças de jeans de variados feitios, boca de sino, funil… com a porcaria da cintura pela virilha. Chato para quem não tivesse tido o cuidado de passar uma lâmina antes, ficamos expostos ao crime de atentado ao pudor. O umbigo e a cintura das txuna-babys polpou o designer de um bom pedaço de pano. Para mim o efeito é o mesmo que as colants, mas vivemos em tempos modernos, não?

As capulanas foram relegadas para as madalas.
Que se lixe a cultura, nós queremos é txunar. E a moda continua!

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