segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Falar landím é maningue nice.

Moçambique é um país “maningue” grande. Tem uma diversidade cultural “maningue” rica do Rovuma ao Maputo, e com isso também diversos idiomas.

Aquando da colonialização Portuguesa, usou-se a língua de camões como veículo de comunicação. Os assimilados e os indígenas foram educados assim. Os missionários se encarregaram de espalhar a boa nova pelo país, em Português naturalmente...
Com a independência, o “mulungo” foi-se e o governo decretou a continuidade da língua portuguesa como idioma oficial de Moçambique.

Mas ainda nos debelando-nos com a questão da identidade nacional.
Resultante da migração pós-independência do campo para os “Xilunguines”, mesmo em português tornava-se difícil o “bula-bula” fora dos gabinetes. “Ka doropene” em Maputo, Havia muita predominancia de dialectos oriúndos das outras províncias.

Dada a essa exposição, os “mufanas” foram aprendendo os diversos dialectos com a maior predominância para o shangana (oriundo da provícia de Gaza). Ai do “mufana” que fosse ouvido a falar a dialeto, apanhava uns tabefes para aprender que só se fala português, se não quiser fazer feio na escola!

Mas ninguém pode cobrir o sol com a peneira, o dialeto estava enrraizado no nosso cotidiano e crescemos aprendendo, e até falando as escondidads com outros meninos.
Os jovens cresceram achando tabu falar landím (como diziam), socialmente era inadmissível, somente havia que se dessenrrascar se fosse do interesse próprio interlucutar com um “madala” ou campezino que não soubesse português fluente.

Os tempos mudaram, a revolução triunfou. O Português continua a ser oficial, mas existe a opão de engajar em comunicação noutra língua sem que o receptor se ofenda. Basta que haja aptidão.
A nova geração de músicos canta em “landím”, incorporamos palavras do “landím’ no português corrente (ainda nao representadas em dicionário próprio).

Andamos pelas avenidas, centros comerciais, convívos sociais e falamos landím com o orgulho de sermos Moçambicanos. Aqueles recém emigrados da europa e asia tratam de aprender o landím bàsico ao mesmo tempo que aprendem a língua do “tuga”. Para trás ficam aqueles que não tiveram a audácia de aprender a falar landím.

Hoje é chic falar landím... Khanimambo pelo seu tempo a lêr este artigo.


GLOSSÁRIO SHANGANE/PORTUGUÊS
Landím – Dialecto local
Maningue – muito(a)
Mulungo – Branco, Patrão, Chefe
Xilunguíne – Cidade, Sítio do Branco
Bula Bula – Falar, Conversar
Ka Doropene – Na Cidade
Mufana – Rapaz, Criança
Tuga – Português, Portugal
Khanimambo – Obrigado
Maningue nice – Muito bom

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Catorzinha.


Catorzinha. Gramaticalmente não existe.

Para Moçambique e todos os outros destinos dos exploradores Portugueses, a lingua Portugesa veio de barco. Daques que dependem do “fufutar” do vento para seguir em frente.
Mas em moçambique existe essa e muitas outras expressões que não vieram no porão dessas naus.

Catorzinha! É uma terminologia popular para denominar as garotas de fase etéria púber que se entregam aos desejos de luxúria pecaminosa de alguns “titíos”. Disfarçados de bons samaritanos que levam as “crianças” a passear, tomar um sorvete... Presenteam as “sobrinhas” com celulares, “txuna-babys”, e recargas para o móvel. É tudo artimanha dos safados para cumprirem à letra o ditado que diz boi velho come capim novo.

Os titíos, senhores de meia idade as vezes até mais para lá que com toda legitimidade pode-se chamarde “vô”, normalmente são chefes de família com filhos e netos na mesma faixa etária.

Desfilam pelos centros comerciais para que a menina possa escolher uma pecinha de roupa, pela orla marítima na praia como quem aprecia o pôr do sol, que na verdade o malandro só esta fazendo tempo para colher a recompensa do investimento.

As catorzinhas, na sua impávida teimosia em acatar os conselhos dos outros mais velhos, misturada a inocência e outros advérbios, colaboram animosamente com uma cumplicidade atónita. Afinal ganham presentes né?

Muitas desses parvinhas, tem a sua turminha de amizades, que por vezes engloba os próprios filhos do “lobo mau”, mas que mesmo assim os intentos macabros são genialmente encobertos.
Pobres dos namoradinhos, tão jovens que são ainda, não têm o poder de compra para presentear as suas pitinhas com fashion ou recargas para o celular, quando muito podem baixar mp3 ou toques de celular na internet de casa que o papai paga.

O descaramento de alguns titíos é de tal maneira grotesco que se fazem às discotecas “grifados” mesmo à titío na companhia dessas meninas. Mea culpa! Regra geral esta incursão é fruto da insistência da mirone.

Ir a disco de carro “próprio” (afinal pom-pom do meu damo também é meu, ya?), patrocinador do ingresso, (assim como elas os catalogam), bebidas (nestes casos até “experimentam” um pouco de bebida de adulto), e garantia de boleia de regresso à casa. Para o “bicho-papão, isso tudo faz parte do processo para chegar aos finais. Antes de deixar a menina a porta da casa da amiga (...aqueles fins de semana em casa da amiga...) fazem-se a milhões de sítios onde se fecha os olhos a indecências e crimes ediondos como este por um trocado. Acontece, muito rapidinho, uma rapidinha! Por hoje a sede de luxúria foi satisfeita.

As andorinhas já saturam o céu, os primeiros autocarros públicos já se fizeram a estrada, são cinco da manhã e enfrentar a “patrõa” em casa hoje não é necássario.
A sexta-feira é dia do homem, saimos para desbundar...


GLOSSARIO
Fufutar – Soprar

Saiba mais sobre as Catorzinhas.
Música do Moçambicano
Denny OG - Catorzinha
“Durmo com mais velhos, jovens, qualquer um vai, mas não gosto deles.”
"My boyfriend is 42, but a younger man my age wouldn't give me what he does and I need these things to live,"